No aniversário do Museu, Fundação Hermann Hering lança ideias para humanizar o Bom Retiro

Afinal, somos um bairro e não uma via de ligação e merecemos qualidade de vida

 

Allison Andrade

No evento que marcou o sétimo ano de fundação do Museu Hering, os participantes receberam uma agradável surpresa durante a apresentação do arquiteto Allison Bruno Andrade. Ele apresentou um plano de ideias inovador, desenvolvido pela Fundação Hermann Hering e sua empresa de arquitetura e que já está nas mãos da diretoria da Cia Hering para análise.

Nele, é proposto um projeto sustentável de ocupação futura do complexo da Cia Hering no Bom Retiro. São soluções com olhar em 2030 para as transformações que vêm ocorrendo gradualmente no bairro, visando a ressignificação de espaços, gerando a preservação do valor histórico, cultural e ambiental do complexo, além de humanizar o bairro.

Fundação inovadora

É mais um dos inúmeros projetos inovadores da Fundação Hermann Hering que desde sua criação, em 1935, atuou em favor de seus colaboradores e fez surgir empreendimentos vitoriosos como a antiga cooperativa de crédito – hoje Viacredi –, e a de consumo que se tornou a Cooper. No bairro, é responsável pela preservação das casas tombadas das famílias, patrimônios históricos erguidos ao longo da Hermann Hering e dentro do parque fabril, incluindo o Museu Hering.

O projeto de humanização

O projeto concebido foi denominado “Masterplan – iNOVArenque” e foi enriquecido com contribuições dos moradores do Bom Retiro e o que ele anseia no bairro, por meio de uma enquete lançada e compartilhada nos canais de comunicação de VIVER BOM RETIRO. As sugestões foram tabuladas e enviadas pelo VBR para a direção da Fundação Hermann Hering. Os estudantes da Furb, com o grupo “Atelier Vertical”, e o poder público municipal também participaram amplamente dos trabalhos.

Depois de receber as colaborações e realizar diversos estudos, o grupo coordenado pela Fundação Hermann Hering chegou a uma idéia inicial que pretende promover o meio ambiente, o empreendedorismo, a inovação e a cultura. Propostas que ainda serão aprofundadas e ainda não apresentam um cronograma de etapas.

Nela, o conceito se divide em cinco diretrizes centrais:

► integrar o homem e a natureza, fomentando o lazer e o turismo.

► Resgatar a interação humana, a vitalidade e incentivas o uso de transportes alternativos.

► Desenvolver o potencial cultural, conectando e promovendo o intercâmbio cultural.

► Promover o desenvolvimento da inovação do design da moda.

► Respeitar e legitimar todo o legado da Cia Hering.

Para se chegar ao conceito inicial, foram 120 dias de muita pesquisa. A partir dessas diretrizes, se começou a se construir estratégias, sugerindo locais mais interativos e acessíveis para atrair as pessoas para o bairro. São 10 ações, divididas em quatro macro-etapas, naquilo que o grupo gestor chama de “fatia de bolo”, pois a ideia, se aprovada, será desenvolvida em partes, em médio e longo prazo, até o ano de 2030, quando a Cia Hering completará 150 anos de fundação.

Amélia Malheiros

Na apresentação deste sábado, Amélia Malheiros, gestora da Fundação Hering, falou da constante preocupação da empresa com a integração homem e natureza. “A gente não fala isso quando vende camiseta, mas temos esse espírito incorporado. E quem faz de verdade não precisa falar muito”.

Um mergulho nas coisas do bairro

O arquiteto fez uma imersão profunda nas problemáticas do bairro e no plano diretor da cidade, com idas e vindas do projeto na Prefeitura. Amélia relembrou que o bairro já foi num passado recente um patrimônio histórico cultural, mas acabou recebendo interferências, com a construção de prédios com muitos andares. E agora se volta ter um olhar mais cuidadoso.

Berço da indústria têxtil

Na primeira fase, a meta é valorizar e consolidar a Hering como “Berço da Indústria Têxtil” no Vale do Itajaí.

Integrar lazer, cultura, história e natureza

No conceito “Experienciar”, a comunidade estará mais próxima da Cia Hering, com experiências de consumo e qualidade de vida, integrando, lazer, cultura, história e natureza.

Uma das idéias é instalar um café na casa amarela (patrimônio histórico tombado), situada dentro da planta industrial da Hering, logo após o Museu, integrando cultura e comércio.

Nesse projeto, o Jardim Suspenso também seria integrado. Ganharia uma passarela, permitindo seu acesso a partir da casa amarela. Acessibilidade garantida inclusive para portadores de necessidades especiais.

Um novo parque para cidade

Mas a maior das propostas que está sendo pensada transformaria parte do amplo estacionamento da Cia Hering numa área de lazer e num parque urbano, com área para caminhada, prática de esportes. Seria um “mini-Parque Ramiro Rudiger” instalado no Bom Retiro. Prevê a transferência do atual estacionamento para o espaço atualmente ocupado pela área de treinamento dos grupamentos de combate à incêndio.

Centro de Moda

Por fim, a diretriz “Inovar”, olhando o passado para construir o futuro, fomentando o ecossistema do novo olhar de moda do designer por meio da inovação. Uma das idéias de ações lançadas é transformar o castelinho amarelo, situado na rua Gertrud Gross Hering, num Centro de Inovação de Moda e Designer, espaço para desenvolver moda e criatividade. Haveria ainda locais para palestras, trabalho, espaços colaborativos e até um café.

A ocupação do prédio da fiação também está sendo pensada. Atrair empreendedores, transformado o local num coworking. Pode também receber exposições internacionais de qualquer museu do mundo e até área gastronômica. Mas nada de concreto ainda.

Envolvimento do poder público

Amélia Malheiros fez questão de ressaltar que muitas propostas do plano da Fundação Hermann Hering não estão na alçada da entidade. “Se o poder público não vier junto, não conseguiremos executar, pois é uma empresa de capital aberto, com outras prioridades e não terá dinheiro sobrando para investir”, explicou. É um projeto planejado para ser executado em 12 anos, mas que exigirá investimento de mais de R$ 150 milhões.

Dentre as ações que seriam de competência do município, está a questão do sistema viário estrangulado do bairro. Solução que ajudaria a viabilizar uma proposta de uma ciclovia, na margem do Ribeirão Bom Retiro, a partir da região central. Assim, ciclistas não precisariam competir com os carros e haveria possibilidade de mudar o modal de transporte por aqui.

Uma trilha de aproximadamente um quilômetro, ligando o Parque São Francisco com esse novo parque está mesa dos técnicos da Prefeitura para estudos. Mas para se tornar uma realidade é preciso analisar aspectos como a manutenção e a segurança.

Por enquanto são apenas concepções, idéias. Transformar o projeto em realidade será em etapas. “Será um passo de cada vez. Como foi com os prédios do acervo histórico e do Museu”, resumiu Amélia.

NOTA DO EDITOR: O VIVER BOM RETIRO aplaude a iniciativa da Fundação Hermann Hering e passa a defender sua viabilização como se fosse seu. Será uma alternativa sustentável para mudar as características e nos devolver os ares de um bairro bucólico, cercado pelo verde e dono do maior patrimônio histórico preservado e tombado do Vale do Itajaí.

Um bairro que celebra ser o maior pulmão verde preservado da região central, que ao mesmo tempo convive com a preocupação diária de solo frágil em suas encostas, mas que está sob a mira de interesses imobiliários – sedentos por sua ocupação. Sem falar na saturação do sistema viário.

É preciso que toda cidade tenha a consciência da importância de preservar o Bom Retiro, assegurando um futuro sustentável para cidade. E insistimos: Somos um bairro e não uma via de ligação. Exigimos, portanto mais cuidado.

Veja mais fotos do evento, acessando a Galeria de Foto em nosso Portal de Notícias: http://www.viverbomretiro.com.br/?p=3018

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